03 Nov
03Nov

     A escassez de água está se tornando uma preocupação crescente, e não apenas em regiões áridas. Atualmente, muitos dos nossos sistemas de bacias hidrográficas estão operando com menos da metade da sua capacidade, o que gera um alerta para a necessidade urgente de medidas preventivas. Diferente de crises visíveis, como as queimadas, a escassez de água tem um impacto menos perceptível, mas igualmente devastador. Rios, lagoas e reservatórios que alimentam cidades e áreas rurais estão cada vez mais baixos, colocando em risco o abastecimento de água para milhões de pessoas.

     Esse quadro é agravado pelos chamados "escapes de água", um termo que abrange desde perdas por evaporação até vazamentos em redes de distribuição, mau uso dos recursos hídricos e falhas no armazenamento. Estudos recentes mostram que o sistema de bacias hidrográficas do país sofre uma perda média de 40% de sua capacidade devido a esses escapes, o que reduz ainda mais a oferta em um momento crítico. Além disso, a falta de investimentos em infraestrutura e em tecnologias de monitoramento complica a solução desse problema.

     Ainda que os escapes de água representem uma perda significativa, especialistas afirmam que há espaço para uma ação preventiva eficaz. Investimentos em infraestrutura, uso de tecnologias de monitoramento em tempo real e a criação de programas de conscientização sobre o uso racional de água são algumas das principais medidas sugeridas. Além disso, iniciativas para proteger áreas de recarga, como nascentes e vegetação ribeirinha, ajudam a reduzir a perda de água e a manter o ciclo natural de abastecimento.

     Outro ponto crucial é o uso consciente da água por parte de todos os setores, desde a agricultura até o consumo doméstico. Pequenos hábitos de economia de água podem fazer grande diferença. Para evitar um cenário de crise, como aquele enfrentado nas queimadas, é essencial que tanto o poder público quanto a população colaborem na gestão sustentável desse recurso. Sem um compromisso coletivo, a tendência é que a escassez de água se agrave, tornando as soluções ainda mais caras e complexas.

     A boa notícia é que, ao contrário das queimadas, onde a recuperação do solo e da fauna pode levar décadas, a gestão hídrica pode ter efeitos positivos mais rápidos. Ao cuidar das bacias hidrográficas, reduzir escapes e adotar hábitos de consumo consciente, podemos garantir que futuras gerações ainda tenham acesso a esse recurso essencial. É uma oportunidade de agir enquanto ainda temos tempo, pois uma crise de água afetaria todos, indiscriminadamente, comprometendo a qualidade de vida e o desenvolvimento das próximas gerações.

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