O consumo de álcool e a saúde do coração têm uma relação mais complexa e perigosa do que muitos imaginam. Um estudo recente publicado no European Heart Journal destaca que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode desencadear arritmias cardíacas, mesmo horas após a ingestão. Em outras palavras, mesmo depois que o efeito do álcool passa, o coração ainda pode apresentar alterações no ritmo, como batimentos acelerados e irregulares. Esses achados reforçam a necessidade de cautela ao consumir álcool, especialmente em grandes quantidades.
Arritmias são problemas que afetam o ritmo dos batimentos cardíacos, fazendo com que o coração bata muito rápido (taquicardia), muito lento (bradicardia) ou de maneira irregular. Para investigar essa relação com o álcool, pesquisadores monitoraram jovens usando dispositivos de eletrocardiograma portáteis em festas, onde houve um consumo elevado de bebidas. Durante o evento, os batimentos cardíacos chegavam a mais de 100 por minuto, e, após a festa, as arritmias se tornaram mais frequentes, indicando que o impacto do álcool no coração pode persistir.
Esse efeito prolongado ocorre porque o álcool provoca um aumento nos níveis de adrenalina, que pode irritar as células do coração e causar batimentos adicionais, conhecidos como extrassístoles ventriculares. Quando o corpo começa a se recuperar, o sistema nervoso parassimpático é ativado, o que pode desencadear arritmias supraventriculares. Esse fenômeno é conhecido como “Síndrome do Coração de Férias”, onde, mesmo após o consumo, o coração continua vulnerável.
As consequências desse desequilíbrio para a saúde cardíaca são sérias, pois episódios recorrentes de arritmia podem comprometer o bom funcionamento do coração. Com o tempo, arritmias persistentes podem levar a dilatação e enfraquecimento do músculo cardíaco, aumentando o risco de eventos graves, como AVCs e até morte súbita. Especialistas recomendam que pessoas com predisposição a problemas cardíacos mantenham o consumo de álcool em níveis mínimos para evitar essas complicações.
O estudo serve como um alerta sobre os perigos do consumo exagerado de álcool e reforça a importância do consumo moderado. Como afirmou o cardiologista Dr. Flávio Cure, arritmias frequentes podem deixar marcas duradouras na saúde do coração, sendo prudente que quem possui hábitos de consumo reflita sobre os riscos envolvidos.